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Mulheres estão concentradas em áreas de cuidado na administração pública brasileira

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06 de novembro, 2023

Números mostram predominância feminina em áreas como enfermagem e nutrição

Ontem, foi comemorado o Dia do Servidor Público, homenagem aos mais de sete milhões de funcionários das administrações municipais, estaduais e federal. Contudo, ainda hoje, é preciso questionar qual a liderança desempenhada e as oportunidades oferecidas às mulheres do funcionalismo brasileiro. Mesmo que tenha acontecido um movimento de ascensão das mulheres mais escolarizadas em carreiras de prestígio, como nas áreas de Medicina, Advocacia e Engenharia, o trabalho das mulheres servidoras continua a ser concentrado nos “guetos femininos”, ocupações muitas vezes ligadas ao cuidado, apontam os pesquisadores em Políticas Públicas e Gestão Governamental Rafael Rocha Viana e Carolina Pereira Tokarski, em artigo publicado em 2020.

Contudo, três anos depois, essa realidade não mudou. Segundo levantamento realizado pelo Instituto República.Org, 92,5% dos vínculos públicos de assistentes sociais no funcionalismo das três esferas são de mulheres.

Nos cargos de técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem, mulheres são 85,5% do contingente; sendo, também, 84,7% das enfermeiras.

Na nutrição, 93,4% dos vínculos públicos são de mulheres, bem como 78,8% dos professores do ensino básico são mulheres. Os números são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Censo Escolar de 2020. Todos os dados apresentados até este ponto tem duas coisas em comum: a predominância feminina e a pior base salarial das carreiras do serviço público.

No outro lado da ponte, a distribuição de mulheres em áreas de cuidado e em carreiras melhor remuneradas e de maior prestígio inverte a lógica; já que apenas 48,1% dos vínculos públicos de médicos são de mulheres. E, no ensino superior, somente 47.3% dos professores no são mulheres.

Uma pesquisa divulgada pelo Movimento Pessoas à Frente, realizada pelo Datafolha com mais de duas mil pessoas, apontou que a maior parte da população brasileira (56%) acredita que o corpo de funcionários do Estado não é representativo da diversidade brasileira. E 90% dos entrevistados afirmaram acreditar que mais mulheres tornariam o serviço público melhor.

Socialização das mulheres contribuiu para concentração em cargos de cuidado

Vanessa Campagnac, doutora em Ciência Política e gerente de dados e comunicação do Instituto República.Org explica que os dados traduzem um processo histórico da sociabilidade da mulher, que foi desenvolvido em sociedades patriarcais com características de misoginia.

– Justamente pelo fato de as mulheres terem sido “alocadas” na esfera do privado ao longo da construção histórica brasileira, acabou que foram atribuídas a elas as questões de cuidado, que estão relacionadas ao mundo privado – explica.

Para a especialista, é preciso investir em mais diversidade dentro da esfera pública, para que novos espaços sejam ocupados e mantidos por mulheres.

– A partir do momento em que se tenta representar a sociedade brasileira dentro do mundo burocrático, podemos mitigar essa situação. A entrada de mulheres é especialmente difícil porque há sempre que, além de se preparar para os certames, cuidar da casa, dos pais, dos filhos, do marido – elucida.

Campagnac diz que o cenário atual não será resolvido com solução mágica.

– Como mulheres, o que sempre defendemos é que possamos olhar para o funcionalismo e nos identificarmos – conclui.

Governo federal diz que investe em incentivo a mulheres

O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) informou que desenvolve diversos programas focados na ampliação da diversidade de gênero na administração pública federal, como o programa de desenvolvimento de líderes, o LideraGOV, que apresentou aumento de 14,4% de participação e formação de mulheres nos últimos três anos.

“Para garantir a permanência de mulheres em cargos de liderança, criamos um grupo de trabalho para elaboração de políticas de enfrentamento ao assédio moral e sexual e discriminação”, destaca o MGI.

O governo federal também ressalta os cursos de formação de lideranças da Escola Nacional de Administração Pública, com exclusividade para mulheres.

Fonte: Extra (RJ)

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