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VALOR ECONÔMICO: UMA CONTA DE R$ 30 BI NO CONGRESSO

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16 de abril, 2010

 

“Estão
aprovando tudo. É inacreditável!”, reagiu ontem o ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, perplexo diante da falta de cerimônia dos parlamentares em
criar novas despesas públicas; e da ausência de compromisso do Congresso
Nacional com os princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal. Na noite de
quarta-feira, um acordo entre os aliados do governo e a oposição, ainda
preliminar, elevou dos 6,14% sugeridos pelo governo para 7,7% a proposta de
reajuste para os aposentados que recebem mais de um salário mínimo. Há uma
série de votações de aumento de gasto com aposentadorias em curso e inúmeras
propostas que elevam a despesa pública que tramitam em regime acelerado.

 

O
ministro informou que custará R$ 30 bilhões ao Tesouro Nacional a aprovação do
piso salarial para os policiais civis e militares, inclusive bombeiros , ativos
e aposentados, conforme proposta de emenda constitucional (PEC) 300.

 

Patrocinada
pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a PEC 300 foi aprovada por unanimidade
em primeiro turno na Câmara, no início de março, com a previsão de que uma lei
determinará, no prazo de até 180 dias, um piso inicial de R$ 4,5 mil que
chegaria a R$ 9 mil para os funcionários mais graduados. Conta-se com a criação
de um fundo com recursos da União para auxiliar os Estados no pagamento dessa
nova despesa. No Congresso, falava-se que essa proposta custaria por ano algo
como R$ 4,5 bilhões.

 

“Eu
pedi ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que me calculasse mais ou
menos o custo desse piso salarial por ano. Ele fez as contas e me disse que
seriam R$ 30 bilhões”, disse Bernardo ao Valor, considerando que há um
sistema de indexação em toda a carreira da polícia.

 

A
LRF, que completa dez anos, determina que novos gastos permanentes só podem ser
aprovados se houver a indicação das receitas para financiá-los. Esse artigo da
lei, porém, não tem sido respeitado pelos três Poderes.

 

O
acordo sobre o reajuste para os aposentados cujo benefício supera um salário
mínimo e as pressões para a aprovação da PEC 300 são apenas dois exemplos de
uma lista imensa de projetos que tramitam na Câmara e no Senado e que criam
novas despesas para a União.

 

A
distribuição generosa de recursos inexistentes encontra boa acolhida no
parlamento, sobretudo em anos eleitorais.

 

Há
um forte movimento para a votação do projeto de lei 4.293, que propõe a
readmissão de todos os ex-servidores da administração federal que foram
exonerados a partir de 21 de novembro de 1996 por adesão ao Programa de
Demissão Voluntária. Não há, no Congresso ou no governo, a menor ideia do que
esse projeto representa, em número de pessoas e em custos adicionais, assim
como não existem cálculos sobre a PEC 59, que transforma 1.500 guardas
portuários do país, estaduais, municipais e terceirizados, em policiais
federais, cujo salário inicial é de R$ 13.368,00; ou, ainda, da PEC 53 que
garante direito a aviso prévio, seguro-desemprego e Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS) aos servidores de cargo em comissão de livre nomeação.

 

Bernardo
disse que está preocupado com a possibilidade de que ocorra, nesses meses
pré-campanha, uma “farra” de aumento do gasto público e com o que
avalia ser “impotência” do governo para barrar tentativas dessa
natureza. O ministro argumenta que é fantasiosa a impressão de que o Palácio do
Planalto detém algum controle sobre a base aliada. “Se isso fosse verdade,
não teríamos perdido os R$ 40 bilhões da CPMF”.

 

Ontem
o governo enviou ao Congresso o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), que estabelece os parâmetros para a elaboração do orçamento de 2011. Num
dos seus anexos, o ministério do Planejamento estimou em R$ 19,9 bilhões a
margem existente para a expansão de gastos continuados no próximo exercício.
Para isso, calculou aumento de R$ 29,4 bilhões das receitas permanentes
líquidas com base num crescimento do PIB de 5,5% no ano e no aumento das
importações, de 7,34%, entre outras outras variáveis.

 

Já
as despesas sociais devem crescer R$ 8,7 bilhões, com benefícios
previdenciários, seguro-desemprego, abono salarial e assistência social. Os
aumentos salariais concedidos ao funcionalismo no passado ainda custarão mais
R$ 784,4 milhões em 2011. O projeto de lei não prevê aumento real do salário
mínimo em 2011.

 

Na
exposição de motivos que acompanha o projeto de lei, o governo chama a atenção
para a rigidez na aplicação dos recursos, já que cerca de 80% do total das
receitas da União já têm destinação prévia.

 

As
renúncias de receitas são estimadas em R$ 113,8 bilhões para o próximo ano,
fruto de subsídios e benefícios fiscais concedidos seja à Zona Franca de
Manaus, às microempesas (Simples) ou na compra de cadeira de rodas.

 

Fonte: Valor
Econômico

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