O Globo: Senado derruba indicação de Dilma
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08 de março, 2012
A rebelião da base governista, liderada pelo MPDB na Câmara e no Senado, produziu a primeira derrota para o governo no Senado este ano. Por 36 votos contra 31 e uma abstenção, o plenário rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo para o cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A rejeição foi im golpe contra a própria presidente Dilma Rousseff, pois Bernardo trabalhou diretamente com ela na Casa Civil e era o responsável por tocar o trem-bala, um dos projetos que ela mais defende e que foi motivo de discussões na eleição. Integrantes da base aliada avaliaram que o resultado reflete a insatisfação de senadores com o governo. É a primeira derrota de Dilma na indicação para cargos de agências reguladoras.Desde 18 de fevereiro, quando terminaram os mandatos de Bernardo e de Mário Rodrigues Júnior, um dos cinco diretores da agência, ANTT está praticamente sem poder funcionar. Só há dois diretores atuando. Para funcionar normalmente, a agência necessita de, pelo meos três diretores. Pela amizade com Dilma, Bernardo também era cotado para assumir uma nova empresa para administrar o trem-bala, caso fosse criada.Bernard teve forte oposição do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que apresentou acórdão do Tribunal de Contas da União sobre irregularidades na gestão do então diretor da ANTT. Requião lembrou que o Ministério Público Federal acusa Bernardo de ter se omitido na filcalização das concessionárias de linhas férreas, e, ainda, de ter contribuído para que empreesas privadas dilapidassem o patrimônio da antiga Rede Ferroviária Dederal (RFFSA).Requão tentou aprovar no planário o encaminhamento do acórdão do TCU para outras comissões, mas foi derrotado por 37 votos contra 31 e uma abstenção. O placar levou os governistas a avaliarem que, caso o nome de Bernardo fosse aprovado, a margem seria mínima.O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), diz que o resultado da votação secreta traduziu a insatisfação de senadores com o governo.- Existe insatisfação em vários partidos e isso foi manifestado no voto secreto – concluiu.Para ele, é preciso aprofundar as relações entre o governo e a base. A insatisfação, diz olíder, tem a ver com a falta de liberação de emendas, indicações políticas e falta de atenção dos ministros.- Juntou a insatisfação com os problemas com o nome do indicado. O relatório do TCU deu combustível – observou.A ooposição comemorou.- As irregularidades eram flagrantes, e as denúncias gravíssimas. Prevaleceu o bem senso, e o Senado agiu com independência – disse o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).A oposição se revezou na tribuna para falar contra a redução de Bernardo. Os adjetivos variaram de incompetente e irresponsável a pessoa sem reutação ilibada, como manda a lei. Os governistas se calaram. O líder do PMDB, Renan Calheiros, favorável ao nome de Bernardo encaminhou voto da bancada pela aprovação, mas deixou claro que não averia consenso.O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi um dos poucos a falar abertamente em favor do diretor-geral. Ele acusou Requião de apresentar documentos do Ministério Público de 2007, antes de Bernardo assumir a ANTT. Mas Requião ressaltou que os papéis eram do ano passado, e o acórdão do TCU, deste ano.- O senhor Bernardo Figueiredo não tem condição de ser diretor-geral da ANTT e muito menos, e para minha surpresa, de ser defendido pelo velho carapintada – declarou, em alusão a Lindbergh.O Planalto foi pego de surpresa ccom a votação do Senado que rejeitou Bernado. O núcleo palaciano já tinha identificado a insatisfação na base. Mas não esperava erra derrota. A votação foi recebida no núcleo palaciano como uma advertência dos partidos aliados no Senado. O fato foi recebido com preocupação por interlocutores diretos de Dilma.- Hoje, os aliados estão usando uma votação secreta para mandar recado. O problema maior será a rebelião acntecer em votação aberta – reconheceu um auxiliar direto da presidente Dilma.Fonte: O Globo – 08/03/2012
