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VALOR ECONÔMICO: CUT, MST E UNE BUSCAM AGENDA CONJUNTA

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24 de janeiro, 2011

 
As três maiores organizações que representam os movimentos social, sindical e estudantil do país planejam a elaboração de uma agenda conjunta, a ser oferecida à presidente Dilma Rousseff. Nela, constarão as prioridades pelas quais o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) brigarão juntos. A formação deste bloco de representação foi discutida em agosto do ano passado, durante as eleições presidenciais – todos apoiaram a presidente eleita – e a conversa será retomada nas próximas semanas.
 
“A CUT elaborou um documento com 213 propostas para o novo governo. Como nós, as outras organizações estão fazendo o mesmo, o que cria um volume grande de pautas”, avalia o presidente da CUT, Artur Henrique. “A ideia é que as três organizações peguem só os pontos prioritários para que possamos batalhar juntos”, acrescenta. A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a mudança dos índices de produtividade rural e a destinação de 50% do fundo pré-sal para a educação são pontos de convergência na pauta de CUT, MST e UNE e segundo seus representantes, seguramente farão parte da agenda.
 
Até o momento, as entidades aguardam para saber como será o relacionamento com o novo governo. De certo, deve ficar a cargo de Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, a tarefa de intermediar o contato, cumprindo a função que foi de Luiz Dulci durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
 
Entrevistados pelo Valor, os presidentes de CUT, MST e UNE concordam que o relacionamento com o governo melhorou muito nos últimos oito anos, mas cobram que Dilma dê o próximo passo: “Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nós nunca fomos nem recebidos pelo presidente. Isso melhorou radicalmente com Lula. Mas agora, queremos influenciar na política, na tomada de decisões, assim como os empresários e outros personagens da sociedade”, afirma Artur Henrique. “As discussões sobre o aumento do salário mínimo mostram isso. Mesmo que seja para fechar em R$ 545, como o governo quer, não é simplesmente nos comunicar e esperar a nossa reação. É decidir junto”, acrescenta.
 
Uma conquista do sindicalismo durante o governo Lula, diz Artur Henrique, foi aprovação, no dia 29 de dezembro, da lei federal nº 12.353, que assegura o direito de eleger um representante dos funcionários no conselho de administração das empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladoras em que a União, direta ou indiretamente, detenha maioria do capital social com direito a voto.
 
Para José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST, “houve muito diálogo, mas pouca efetividade”. Batista cita como maior avanço do governo Lula na relação com os sem-terra a assimilação da produção do grupo com garantia de preço. “No entanto, a implantação de escolas nos assentamentos, uma prioridade, ainda não ocorreu. Mas melhorou muito o relacionamento. Nosso acesso hoje é bom até no Ministério da Agricultura”, observa. Augusto Chagas, presidente da UNE, afirma que o ex-presidente recebeu a UNE “pelo menos quatro vezes por ano, durante os dois mandatos”.
 
As decisões de cunho econômico também são alvo das organizações, que pleiteiam participação na efetivação de propostas de campanha, como a desoneração da folha de pagamentos: “Queremos saber qual será a contrapartida para o trabalhador”, diz, Artur Henrique. Para os sindicalistas, a valorização do salário mínimo, por eles defendida, foi fator essencial para o enfrentamento da crise econômica mundial, em 2008, o que lhes daria gabarito para ter maior influência na tomada de decisões.
 
A CUT já tem agendados dois eventos em Brasília para março: um seminário sobre a reforma tributária e uma “ocupação pacífica” dos três Poderes, com maior concentração no Congresso Nacional. No fim do mesmo mês, a UNE prepara uma série de passeatas, em todas as capitais, com vistas de pressionar o Congresso Nacional a incluir no Plano Nacional de Educação (PNE), a ser votado neste ano, o investimento obrigatório de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do país na educação: “Hoje, menos de 40% dos jovens entre 18 e 24 anos concluem o ensino médio. Para um país que quer ser desenvolvido, estamos desperdiçando um potencial imenso”, observa Chagas.
 
FONTE: VALOR ECONÔMICO – 24/01/2011