Retirar receita dos jornais não parece a melhor decisão, afirma Maia
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07 de agosto, 2019
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira que não acredita que o presidente Jair Bolsonaro tenha editado medida provisória (MP) que desobriga a publicação de balanços em jornais em retaliação ao tratamento dada pela imprensa ao seu governo. O parlamentar disse que não considera a melhor decisão retirar receitas dos jornais do dia para a noite.
“Do ponto de vista teórico faz sentido, não haverá no futuro papel-jornal, essa que é a verdade, mas o papel-jornal hoje ainda é um instrumento muito importante da divulgação de informação, da garantia de liberdade de imprensa, da liberdade de expressão, da garantia da nossa democracia”, disse Maia.
“Então, retirar essa receita dos jornais da noite para o dia não me parece a melhor decisão. Acho que a Câmara e o Senado poderão construir um acordo onde a gente olhe o futuro, onde o papel-jornal de fato já não seja um instrumento relevante. Mas, no curto prazo, é difícil imaginar, nos próximos cinco ou seis anos, que da noite para o dia nós vamos inviabilizar milhares de jornais que funcionam todos os dias informando a sociedade brasileira com muita competência”, acrescentou.
Maia afirmou ainda não acreditar que Bolsonaro está sendo “atacado” pela imprensa e destacou que os jornais “estão divulgando notícia”. “Se é contra ou a favor, essa é uma avaliação que cada um de nós tem que fazer quando é criticado ou elogiado pela imprensa. Não acho que o presidente tenha tomado a decisão de editar a MP por isso”.
Alcolumbre se esquiva
Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) se esquivou de dizer se tomará qualquer providência sobre a Medida Provisória. “Não discutimos sobre isso. Vou me inteirar. Vamos estudar. Não sou consultor, vou pedir para alguém estudar. Mas vai dar tudo certo”, disse Alcolumbre.
Apenas o presidente do Senado tem a prerrogativa de devolver a MP ao governo, caso considere que o tema não tem urgência para ser tratada em Medida Provisória. O próprio presidente Jair Bolsonaro deu a entender que a mudança é uma retaliação aos veículos de imprensa, que contam com estas receitas.
Em evento na tarde desta terça, em Itapira, Bolsonaro disse ter “retribuído” o tratamento recebido da imprensa durante a campanha eleitoral ao assinar a MP. Disse que durante as eleições presidenciais “quase toda mídia, o tempo todo”, ficou “esculachando a gente, fascista, homofóbico, racista, e seja lá o que for”. “No dia de ontem eu retribuí parte daquilo que grande parte da mídia me atacou. Assinei uma Medida Provisória fazendo com que os empresários, que gastavam milhões de reais para publicar obrigatoriamente, por força de lei, seus balancetes nos jornais, agora podem fazer no Diário Oficial da União, a custo zero”, disse o presidente.
Fonte: Valor Econômico