FOLHA DE S. PAULO: APÓS 50 ANOS, RIO AINDA TEM O DOBRO DE SERVIDORES DO DF
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22 de abril, 2010
Passado meio século da transferência da capital
federal para BrasÃlia, o Rio ainda concentra o maior número de servidores civis
ativos da União, com quase o dobro do contingente do Distrito Federal.
O último boletim do Ministério do Planejamento sobre
o quantitativo dos servidores federais civis do Poder Executivo, de janeiro,
mostra 114.739 lotados no Estado do Rio de Janeiro, para 61.698 no DF.
Longe de ser esvaziado, o funcionalismo federal no
Estado do Rio cresceu 18% durante o governo Lula, turbinado por concursos
públicos e pela reintegração de 2.396 servidores que haviam sido demitidos no
governo Collor (1990-92).
O Rio recebeu três agências reguladoras federais que
se implantaram no Estado: ANP (Agência Nacional do Petróleo), ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) e a Ancine (Agência Nacional do Cinema). A maior
delas, a ANP, emprega 566 funcionários.
O quadro de servidores continua a crescer. O
Ministério da Saúde acabou de contratar 1.130 para o novo hospital do Instituto
Nacional de Traumatologia e Ortopedia e faz concurso para admitir 467 nos seis
hospitais federais da cidade.
O economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e estudioso do Rio de
Janeiro, declarou-se surpreso com a preponderância do funcionalismo federal no
Rio. Segundo ele, a ideia geral era que o Estado só superava BrasÃlia em
servidores aposentados.
Ele diz que o fenômeno explica por que a perda do
status de capital federal foi menos traumática do que o esperado.
“Eu sempre me perguntei a razão disso, e a Folha
acaba de me dar a explicação. Foi a manutenção da massa de funcionários
federais, porque a folha de pagamentos do serviço público representa uma
injeção firme de recursos na economia”, afirmou Lessa.
A estatÃstica do Planejamento não inclui os
empregados das autarquias, das estatais controladas pela União, nem os
militares. As estatais mais poderosas têm suas sedes no Rio de Janeiro. Só a
Petrobras possui 16 mil funcionários na cidade fluminense. Eletrobrás e suas
subsidiárias, Petrobras, BNDES, Casa da Moeda e IRB Resseguros somam quase 30
mil funcionários.
O Rio é o Estado com mais servidores federais ativos
nas áreas da saúde -46,8 mil, que equivalem a 44% do contingente nacional- e
educação (29,89 mil, ou 15% do total no paÃs).
A UFRJ é a universidade federal com mais professores
(3.628) e mais funcionários (13.229) do paÃs.
O Ministério da Cultura mantém mais da metade (55%) de
seus funcionários na antiga capital federal, que concentra seis de seus museus.
Planejamento
Segundo o secretário de Recursos Humanos do
Ministério do Planejamento, Duvanier Ferreira, a concentração na Saúde se
justifica pelo Estado manter seis hospitais federais, três institutos
especializados (do câncer, de ortopedia e do coração) e a Fiocruz, que soma
mais 10 mil servidores.
BrasÃlia não tem hospital federal. Para Ferreira, um
fator adicional explicaria o acúmulo de pessoal no Rio: o modelo
descentralizado do SUS não foi totalmente implementado por disputas polÃticas e
a União não conseguiu transferir os hospitais federais para o municÃpio.
Fonte:
Folha de S. Paulo – 21/04/2010