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“É golpe!”: docentes da UFSM são alvo de grupo criminoso com atuação nacional

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31 de março, 2025

Na abordagem, golpistas pedem dinheiro para liberar suposto valor referente a vitórias judiciais

“O sindicato já te passou o valor que você vai receber? […] Então eu vou te passar: o valor é R$58 mil reais. Já estão pagos os honorários advocatícios e você irá receber esse dinheiro na sua conta ainda hoje. Eu só preciso que você me passe um Pix para acertar o valor das custas do tabelionato. Entra agora no aplicativo do banco que eu vou fazer contigo o pagamento”.

Esse foi um trecho do diálogo ocorrido por telefone entre o professor Edner Baumhardt, do departamento de Engenharia Florestal da UFSM em Frederico Westphalen, e um dos criminosos responsáveis pelas muitas tentativas de golpe recentemente sofridas por professores e professoras da UFSM. Após Edner, já desconfiado, negar que entraria no aplicativo naquele momento para realizar o Pix, o golpista passou um nome e um número de CPF para o qual o valor deveria ser enviado. “Assim que tu pagar o tabelionato, eu já faço o pagamento da tua restituição judicial”, disse a voz, com sotaque semelhante ao do Nordeste brasileiro. Tão logo desligou o celular, Edner já bloqueou o contato. Se tivesse feito o Pix, o docente teria perdido R$ 2.998, valor solicitado pelos golpistas.

O mesmo não ocorreu com Joana (nome fictício, usado para proteger o anonimato da fonte), docente aposentada da UFSM, que, quando percebeu ter sido vítima de golpe, já era tarde demais: havia repassado R$ 6.998,80 aos criminosos.

“[Disseram] que era necessário fazer um depósito, via Pix, forneceram o CPF, um nome de mulher, que era para pagar as custas do Cartório. E mais um outro valor, para ser liberado pelo Banco Central. Aqui foi o momento que desconfiei, mas já era tarde. Ao entender que era golpe, liguei para o mesmo número do WhatsApp e deixaram de responder. Fiz BO na polícia e levei a documentação à Agência da Caixa, onde tenho conta, registrei o ocorrido. Depois de 10 dias, foi me informado que não havia mais valores na conta do Banco”, relata.

Tanto com Edner quanto com Joana, o primeiro contato dos golpistas foi via WhatsApp. Nas mensagens, que continham o nome e o CPF dos docentes, era informado que haviam sido liberados valores referentes a vitórias em processos judiciais – Índices de 3,17% e de 28,86%. Alegando que as ações foram movidas pelo departamento jurídico da Sedufsm, os criminosos orientavam as vítimas a ligar ou fazer contato via WhatsApp com um número de telefone especificado (número que variava), através do qual supostamente falariam com o Dr. José Luís Wagner (por vezes a grafia vinha como José Luiz Wagner), que seria o advogado responsável. Quem ligou para o número de fato conversou com um homem que se fazia passar por Wagner.

“Bateram todos os meus dados” – Paulo (nome fictício, usado para proteger o anonimato da fonte), docente da UFSM em Palmeira das Missões, também foi abordado via WhatsApp pelos golpistas. Após receber a mensagem, conversou por telefone com os criminosos, que confirmaram todos os dados pessoais dele, tais como nome da mãe, nome do pai e data de nascimento.

Na conversa, o professor ouviu que teria um valor de R$ 98 mil para receber. “’Entra no teu [aplicativo de] banco agora que vou te passar um valor do cartório para pagar’, ele disse. Eu disse que meu banco não estava permitindo o acesso. Pedi os dados do Pix e ele mandou. O valor era R$ 4900”, contou Paulo, que achou aquele valor muito alto para uma taxa cartorial. Após conversa com outros docentes, entrou no site oficial do escritório Wagner Advogados Associados e lá viu a mensagem alertando sobre os golpes em andamento.

Paulo tirou print da mensagem e enviou na conversa de WhatsApp com os criminosos. Posteriormente, registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, já que os golpistas haviam tido acesso a seus dados pessoais. “É necessário uma investigação policial mais detalhada”, defende o docente.

Investigações

Em entrevista à Sedufsm, o verdadeiro José Luis Wagner, sócio do escritório Wagner Advogados Associados, que de fato presta assessoria jurídica à seção sindical docente, diz que esse tipo de golpe tem se alastrado por todo o país, usando não somente o nome de seu escritório, mas de outros colegas que atuam em diferentes áreas do direito e em variadas esferas da federação. Tamanho é o alcance dessa rede que tribunais, polícias, entidades sindicais e a própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vêm tentando coibir a atuação dos criminosos.

No que tange aos Tribunais, explica Wagner, há tentativas de criar barreiras digitais e formas de identificar pessoas que acessam os processos eletrônicos em trâmite no País.

“Quanto à Polícia, várias frentes de investigação estão ocorrendo ao mesmo tempo, porém não se desconhece a complexidade das investigações a respeito da autoria desses crimes, nos quais se empregam artifícios que dificultam a identificação dos criminosos e a recuperação de valores, tais como a pulverização do dinheiro recebido ilegalmente para diversas contas bancárias e principalmente a repercussão interestadual da atuação das organizações criminosas”, diz o advogado.

Wagner informou que, recentemente, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu duas pessoas e cumpriu 14 mandados de busca e apreensão no estado do Ceará em razão da suspeita de aplicação dos referidos golpes usando indevidamente o nome de escritórios de advocacia do Município de Santa Maria (RS). Ação semelhante foi desempenhada por policiais civis de Ribeirão Preto (SP) e Porto Alegre (RS), que cumpriram 22 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária na cidade de Ribeirão Preto, em uma investigação que aponta um prejuízo de cerca de um milhão de reais para ao menos 300 vítimas espalhadas pelo Brasil.

“Da nossa parte, enquanto escritório de advocacia, estamos auxiliando naquilo que é possível as investigações, e na medida que as informações e denúncias chegam ao nosso conhecimento, através dos clientes ou das entidades sindicais assessoradas, realizamos as respectivas queixas-crime junto a delegacia de polícia competente. Além disso, mantemos a incessante campanha de orientação e esclarecimento aos clientes, através de todas as mídias digitais possíveis, alertando sobre as tentativas de golpes”, garante Wagner.

Ele, que atualmente é Conselheiro Federal da OAB, conta ter encaminhado ofício ao Conselho Federal da Ordem alertando sobre a relevância da situação e propondo que as investigações sejam repassadas à Polícia Federal.

Como funciona o golpe?

As e os professores ouvidos pela Sedufsm relatam que o discurso dos golpistas é convincente, pois de fato estão em andamento diversas ações judiciais encaminhadas pela assessoria jurídica do sindicato. O professor Edner, por exemplo, lembrou que recentemente saiu decisão favorável ao ressarcimento da cota parte do auxílio pré-escolar, cobrada indevidamente da categoria docente. “Associei que fosse referente àquele processo. Tem todo um esquema, eles fazem perguntas que nos levam a acreditar que de fato é o pessoal que está trabalhando para a Sedufsm. É muito fácil cair na fraude”, diz o docente. Isso, aliado aos dados pessoais de que os golpistas dispõem, confere credibilidade ao contato feito com as vítimas.

“O golpe aplicado de forma reiterada consiste no contato – seja por telefonemas, mensagens de Whatsapp, e-mails ou outros meios – dos criminosos para com as vítimas, identificando-se como integrantes do nosso escritório ou como servidores do Poder Judiciário, no sentido de solicitar o pagamento de valores a fim de emitir supostas certidões negativas ou o pagamento de custas processuais como condicionante para liberação de precatórios em nome dos credores. Assim, os golpistas induzem as pessoas a realizarem depósitos indevidos em contas bancárias diversas”, explica Wagner.

Após ter perdido mais de 6 mil reais, Joana registrou BO na Polícia Civil, onde foi informada que o CPF para o qual realizou o Pix é de uma pessoa que reside no estado do Ceará. Como não há nenhum registro negativo associado ao nome, suspeita-se que tenha tido a conta usada pelos golpistas.

“Uma mulher se identificava como secretária da Sedufsm” – João (nome fictício, usado para proteger o anonimato da fonte), docente aposentado da UFSM, também recebeu mensagem de WhatsApp dos golpistas, porém o número para o qual ele deveria ligar era supostamente o da Sedufsm. Ao ligar, a voz que o atendia no outro lado da linha era de uma mulher que se identificava como secretária da seção sindical. João, contudo, sabe o nome da verdadeira secretária da Sedufsm e sabe, também, que ela não tem o sotaque meio carioca, meio nordestino, ecoado pela golpista. Logo, então, entendeu que era uma farsa.

“Primeiro solicitaram CPF, número da conta, agência. Como já tinha certeza do golpe questionei a mulher. Foi quando ela passou para um homem que se identificou como Dr. Wagner. Aí ficou mais evidente o golpe, pois Wagner não iria estar fazendo esse papel de atender diretamente, via telefone, um cliente nessas condições. Aí mais uma vez questionei o procedimento. Momento em que o “dito Wagner” se irritou e disse mais ou menos isso: ‘você está de brincadeira? Eu não tenho tempo pra esse tipo de postura. E não irei mais atendê-lo. Terás que passar no meu escritório aqui na Sedufsm’. Chamei de farsante… foi aí que desligou o telefone”, relatou João, que, após o ocorrido, informou Sedufsm e escritório jurídico, além de bloquear o contato dos golpistas.

Como eu posso me proteger?

Todos os dias a secretaria da Sedufsm atende dezenas de ligações de docentes questionando sobre a veracidade das mensagens recebidas. Algumas pessoas, quando ligam, já realizaram o Pix e ficam consternadas ao saber que provavelmente não haverá devolutiva do valor repassado aos golpistas.

Wagner ressalta que o judiciário não exige nenhum tipo de pagamento antecipado para liberar valores em processos e dá algumas orientações para as pessoas se protegerem de golpistas:

“1. Confirme com seu advogado: Sempre converse pessoalmente ou por videochamada com seu advogado para garantir a autenticidade da comunicação.

2. Desconfie de urgências: Mensagens que criam senso de urgência são uma tática comum de golpistas.

3. Evite links desconhecidos: Não clique em links de fontes desconhecidas ou forneça dados pessoais.

4. Verifique com o tribunal: Se tiver dúvidas sobre a veracidade de uma mensagem, entre em contato diretamente com o tribunal ou consulte seu advogado.

5. Salve os contatos de seu advogado em seu telefone: ou os tenha à mão para verificação.

6. Entre em contato com a sua entidade sindical: caso necessite de orientações”.

E quem já foi lesado financeiramente?

Wagner explica que, até o momento, o escritório tomou conhecimento de quatro docentes que foram vitimados com o golpe, perdendo valores financeiros. Nesses casos, a orientação é buscar imediatamente as autoridades competentes, realizar queixa-crime junto à delegacia de polícia e informar tanto o escritório de advocacia quanto a Sedufsm, a fim de que se tente auxiliar as investigações policiais.

“Somente após a identificação dos criminosos será possível adotar alguma medida judicial para ressarcimento do prejuízo sofrido. A OAB/RS também disponibiliza um canal de denúncias que é o email: [email protected], conclui Wagner.

Fique atento(a) e sempre cheque a informação com a secretaria da Sedufsm ou com o próprio escritório de advocacia.

Canais oficiais da Sedufsm

WhatsApp: (55) 99962-2248 | Telefone: (55) 3222-5765
E-mail: [email protected]
Site: www.sedufsm.org.br

Canais oficiais do Wagner Advogados Associados:

WhatsApp e telefone: (61) 3226-6937
E-mail: [email protected]
Site: www.wagner.adv.br

Fonte: SEDUFSM (texto de Bruna Homrich)