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PF adquire viaturas com rodas e pneus inadequados

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03 de outubro, 2012

A Polícia Federal adquiriu 132 viaturas ostensivas da marca Mitsubishi, modelo Pajero Dakar, com preocupante economia em relação à segurança. Os veículos, adquiridos através de processo de licitação iniciado no final de 2011 e entregues a partir de julho deste ano, foram equipados com pneus nas medidas 235/70/16 e rodas de aço, um conjunto visivelmente desproporcional ao porte do veículo. O manual de instruções do veículo indica o uso de pneus da medida 265/65/17 e rodas de liga leve, nas medidas 17 x 7,5 polegadas. De acordo com informações obtidas junto às revendas autorizadas da marca, as especificações recomendadas pela montadora, nas quatro versões disponíveis do modelo Pajero Dakar, são aquelas que constam nas fichas técnicas dos veículos, que também constam do respectivo site da Toyota. Atualmente, no Brasil, não há versão disponível para venda do modelo equipado com pneus nas medidas 235/70/16. A Agência Fenapef apurou que o “termo de referência” – documento usado como base nos processos de licitação e contratação, que especifica as condições gerais de execução do contrato e das características do bem ou serviço adquirido – prevê que os veículos deveriam vir equipados com “rodas em liga leve ou aço, nas medidas e tamanhos, inclusive dos pneus, estipuladas originariamente pela fábrica, de acordo com a versão do veículo que será oferecido, com estepe de mesmas características.”. Essas exigências têm por objetivo evitar que fornecedores entreguem veículos com equipamentos inferiores àqueles comercializados em condições normais de venda. Como os veículos adquiridos pela PF (Pajero Dakar 3.2 Diesel M/T), têm indicação técnica diferente de outras versões do mesmo modelo, as novas viaturas estariam em desacordo com os parâmetros definidos para aquisição dos veículos. Ao que parece, os conjuntos de rodas e pneus dos veículos foram adaptados para os novos veículos entregues à Polícia Federal. O problema é que a “adaptação” não traz qualquer vantagem se considerada a finalidade com que foram adquiridos: uso policial. De acordo com especialistas entrevistados, consultores técnicos de empresas revendedoras de pneus e empresas credenciadas junto ao Inmetro, para realização de vistorias em automóveis que sofrem adaptações, as rodas e pneus montados nas novas viaturas da PF não seriam recomendados para o veículo.  Os cálculos de equivalência/compatibilidade de diâmetro de pneus, feitos de acordo com normas da Associação Latino Americana de Pneus e Aros (Alapa), mostraram índices de incompatibilidade acima do dobro dos padrões aceitáveis, quando comparados com os pneus 265/65/17. De acordo com a Resolução 292, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 29/08/2008, são “proibidas alterações nos diâmetros externos dos conjuntos pneus/rodas veiculares”. No caso das viaturas adquiridas pela PF, a alteração foi de 776,3 para 735,4. Na atividade policial, em que os veículos são submetidos a condições extremas de uso e, em casos de emergência, até a velocidade acima do normal, para garantir maior segurança, as viaturas deveriam contar com dispositivos e equipamentos, no mínimo, equivalentes aos demais modelos comercializados, mas nunca inferiores. Pneus e rodas interferem diretamente na estabilidade e segurança dos veículos. Já os veículos adquiridos recentemente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), da mesma marca e modelo similar, vieram equipados com rodas e pneus nas especificações técnicas recomendadas pela montadora. As viaturas da PRF receberam adaptações para uso em atividade de natureza policial, com maior segurança para seus usuários. Servidores de algumas unidades da PF fizeram questionamentos, através do serviço de atendimento ao cliente da Mitsubishi, mas as respostas forma evasivas. Os atendentes e consultores informaram que as características dos modelos vendidos para frotas de órgãos públicos costumam sofrer alterações, para adequação dos preços definidos nas licitações. Os manuais dos veículos adquiridos pela PF vieram com um “adendo”, na prática uma folha adicional, colada na contracapa do manual, do tipo “gambiarra”´. O manual não traz qualquer nota referente ao “adendo”, certamente incluído para maquiar a adaptação dos pneus fora dos padrões técnicos recomendados. Se a moda pega, em breve, corre-se o risco de veículos licitados e entregues a órgãos públicos passarem a vir equipados com pneus e aros de carroça, bicicleta, ou até mesmo sem esses itens, que em algumas versões poderiam ser considerados desnecessários. As dúvidas são várias: a troca dos pneus seria justificada na “economia” que a instituição obteve em tal compra? Ou foi permitido à montadora adaptar tais conjuntos de rodas/pneus porque ela estava vendendo a preços mais baixos? Ou ainda, não foi constatado que as rodas e pneus não são adequados aos modelos entregues? Empresas sérias não medem esforços para preservar a integridade dos seus funcionários e de terceiros, que também podem ser envolvidos em eventuais acidentes. Já na PF, que goza de boa imagem e confiança perante a opinião pública, a economia em itens básicos para segurança dos veículos pode custar vidas de seus servidores, de pessoas presas ou de terceiros.  A Agência Fenapef apurou que em algumas unidades da PF, os chefes mandaram recolher os veículos, que estão parados, até a solução do problema. Em contato com a assessoria de comunicação da PF, a Agência Fenapef foi orientada a encaminhar as perguntas por e-mail, mas até o momento do fechamento da matéria não obteve resposta. Fonte: Agência Fenapef

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