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Honraria aos cassados na ditadura 

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21 de dezembro, 2012

Em ato simbólico, durante sessão solene na tarde de ontem, o Senado devolveu o mandato a familiares de oito ex-parlamentares da Casa cassados durante o regime militar. Foram homenageados na cerimônia comandada pelo presidente José Sarney, os ex-senadores Juscelino Kubitschek, Aarão Steinbruch, Arthur Virgílio Filho, João Abraão Sobrinho, Mário de Sousa Martins, Pedro Ludovico Teixeira, Wilson Queiroz Campos e Marcello Alencar, o único vivo. Além de diplomas, os parentes receberam broches de uso exclusivo parlamentar.Alguns familiares dos homenageados, a exemplo da filha de JK, Maria Estela Kubitschek, estavam presentes e fizeram para parte da mesa. Ao abrir a sessão, Sarney fez referência a Rui Barbosa. Lembrou que a anistia não era uma ação jurídica e, sim, um gesto e uma manifestação política. “É o que o Senado Federal está fazendo nesta sessão solene. É um ato de justiça e representa o resgate da memória nacional”, declarou. Logo no início, todos ficaram de pé durante a execução do Hino Nacional. Sarney classificou a cassação como um ato arbitrário e injusto. “Estamos entregando diplomas às famílias dos senadores que foram punidos pelo regime militar, devolvendo simbolicamente seus mandatos. Restava resgatar ainda, ao menos de maneira simbólica, os mandatos dos parlamentares que foram cassados por força de atos arbitrários e injustos cometidos pelo regime militar”, salientou. No fim do discurso, fez uma saudação emocionada aos homenageados. “Eu quero chamá-los para que ocupem os seus lugares no plenário desta Casa. Venham, entrem na Casa, sentem-se: senador, presidente Juscelino Kubitschek, e seja bem-vindo.”Discurso Sarney passou simbolicamente a palavra a JK. O plenário ouviu o último discurso dele como senador da República, proferido em 1964. “Se o ato de violência vier a consumar-se, não me veja privado do dever de denunciar o atentado que na minha pessoa vão sofrer as instituições livres. Não me é lícito perder uma oportunidade que não me pertence, mas pertence a tudo que represento nesta hora.” Ao fim do discurso, JK conclama a liberdade. “Diante do povo brasileiro, quero declarar que me reinvisto de novos e excepcionais poderes neste momento, para a grande caminhada da liberdade e do engrandecimento nacional.”Da tribuna do Senado, a filha de JK falou em nome de todos os homenageados. “Que o senador JK me proteja agora, neste momento, para que eu possa transmitir o agradecimento, em nome de todos nós, por este ato que estamos, aqui, vivendo hoje, da entrega simbólica do diploma. Eu não digo simbólica, não. Acho que é uma entrega histórica, merecida, esperada por todos eles. Só que, infelizmente, não puderam sobreviver e estar aqui. Meu pai, eu sei que está aqui conosco”, declarou, emocionada.Ela destacou a trajetória política do pai. “Foi um homem que nasceu para construir, não para destruir. E foi o que ele praticou, sobretudo depois que lhe cassaram os direitos políticos. Em todos os lugares em que ele morou no estrangeiro e mesmo quando ele voltou ao Brasil, ainda na condição de político cassado, nunca abriu a boca, a não ser para elogiar o Brasil, os brasileiros, e agradecer a Deus por ser brasileiro”, ressaltou.Maria Estela revelou que o pai disse que não estaria vivo para vivenciar a redemocratização do Brasil. “Quando ele estava no exílio, ele dizia que os gregos inventaram o exílio porque sabiam que era a pior forma de castigo que se poderia dar a uma pessoa, e esse castigo ele sofreu. Sofreram outros também. Mas ele achava que talvez ainda pudesse ver restaurada a democracia neste país, até certo ponto. Um dia ele me disse: ‘Minha filha, não vou estar vivo para viver esse momento’. E, realmente, ele não estava vivo.” Fonte: Correio Braziliense – 21/12/2012

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