Correio Braziliense: caras de pau mantêm 14º e 15º na Câmara
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01 de março, 2012
Em fevereiro do ano passado, no primeiro dia de mandato, o deputado Reguffe (PDT-DF) apresentou um projeto de decreto legislativo para que os dois salários extras sejam extintos. Três dias depois, a então senadora e atual chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), apresentou no Senado uma proposta semelhante, que acabaria com o privilégio nas duas Casas. Desde então, os dois projetos estão engavetados e não avançaram por total falta de interesse dos congressistas. "Isso é uma coisa tão simples e óbvia que não deveria nem ser discutida. Um trabalhador normal só recebe os 12 salários e o 13º", critica Reguffe.Na justificativa do projeto, o pedetista se lembra da "indignação da sociedade brasileira" com os salários extras. Já Gleisi explicou que a ajuda de custo foi criada quando a precariedade dos meios de transporte obrigava o parlamentar a se mudar para a capital do país no início de cada ano e só voltar a seu estado de origem no fim dos trabalhos legislativos. Hoje, os senadores e deputados retornam semanalmente para seus estados, o que, para ela, justificaria o fim dos salários extras.As duas propostas estacionaram nas respectivas Casas. Apesar de, no Senado, o texto ter sido encaminhado para a Comissão de Assuntos Econômicos, não há previsão de ser votado. A falta de interesse chega ao ponto de integrantes desconhecerem por completo a existência da proposta. "Sou da comissão e confesso que nunca vi essa matéria. Quem é o relator?", perguntou o senador Benedito de Lira (PP-AL). "Esse assunto não está na ordem do dia. Nem conhecia essa proposta. Quando chegar ao plenário, a gente discute", prometeu o senador Agripino Maia (DEM-RN), que também integra a comissão. A matéria pegou de surpresa até o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Onde está (a proposta)?", indagou."Sem chance"Na Câmara, o projeto de Reguffe não chegou nem a ser distribuído para as comissões e ainda adormece na Mesa Diretora. O tema é tão sensível que o presidente Marco Maia (PT-RS) esquivou-se de comentar o projeto e a decisão da Câmara Legislativa. "Não falo disso de jeito nenhum. Sem chance", afirmou. Se depender do esforço dos líderes partidários, a proposta deve permanecer no limbo. "Quando cheguei aqui, já era assim. Nunca parei para pensar. O projeto tem que entrar na fila. A ajuda de custo é válida porque temos que ter condições para trabalhar", considerou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). O sentimento de corporativismo se estende à oposição. "Não posso falar sobre o andamento da matéria porque não sou da Mesa Diretora", justificou o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).Desde o início deste mandato, três deputados abriram mão dos salários extras. Além de Reguffe, os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Severino Ninho (PSB-CE) enviaram à Direção-Geral da Câmara o pedido para não receberem o montante. A assessoria de imprensa do Senado informou não ter esse levantamento na Casa.Fonte: Correio Braziliense – 01/03/2012