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O GLOBO: MARINA CANSA DA GUERRA E SAI

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14 de maio, 2008

Depois de cinco anos e cinco meses à frente do Ministério do Meio Ambiente colecionando derrotas em embates internos no governo, a ministra Marina Silva pediu ontem demissão “em caráter pessoal e irrevogável”. Marina informou sua decisão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por carta. A correspondência chegou no fim da tarde ao Palácio do Planalto, depois de Lula ficar sabendo do pedido de exoneração pela TV e pela internet, o que o deixou irritado. Na carta, Marina, que teve o cargo esvaziado e perdeu poder até para o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), fala do motivo de sua decisão: “Decorre de dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal”. O governador do Rio, Sérgio Cabral, informou que o secretário do Ambiente do estado, Carlos Minc, será o substituto de Marina, como informou Ancelmo Gois em seu blog no Globo Online. Oficialmente, o Planalto não confirmou.

O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, e o presidente do Ibama, Bazileu Margarido, também puseram o cargo à disposição. Mas ainda não está certo se deixarão seus cargos. Na carta, Marina não diz as dificuldades que enfrentava. Num desabafo para um auxiliar, ela avaliou que sua permanência no governo tinha chegado ao limite. Disse que a gota d”água foi a decisão de Lula de repassar o comando do Plano da Amazônia Sustentável (PAS) para o ministro Mangabeira Unger. Na avaliação de Marina, foi a segunda vez, este ano, que o presidente a desautorizou publicamente. Ela entendeu esse gesto como um recado.

РO Minist̩rio do Meio Ambiente cuidou da cria̤̣o e da gesṭo desse plano. Como, de uma hora para outra, a execṳ̣o passa aos cuidados de outra pasta? Para mim, ̩ um recado claro Рdisse Marina ao auxiliar.

Decisão surpreende Palácio do Planalto

A decisão de Marina surpreendeu o Palácio do Planalto. Nem mesmo aliados mais próximos da ministra esperavam esse gesto. O presidente sempre avaliou que Marina causava problemas internos ao governo. Mas achava importante mantê-la, por ser uma espécie de símbolo do seu governo. Em alguns momentos de conflito, Lula chegou a cogitar a substituição de Marina pelo ex-governador Jorge Viana (PT-AC). Chegou a sondá-lo, logo depois da reeleição, quando Marina deu sinais de que não ficaria no governo. Viana demonstrou que teria dificuldade em substituir uma ministra de seu grupo político. Lula entendeu.

O nome de Minc foi cogitado pela primeira vez em fevereiro. Num almoço com Cabral, no Palácio das Laranjeiras, Lula confidenciou que enfrentava problemas com Marina. Mas ressaltou que achava muito difícil substituí-la. Foi então que Cabral sugeriu Minc. Segundo relatos, Lula considerou uma ótima idéia, mas evitou aprofundar a discussão. Pouco antes, em 30 de janeiro, o presidente Lula já havia desautorizado a ministra sobre as causas do aumento do desmatamento na Amazônia. Na ocasião, Lula deixou claro que não considerava alarmantes os dados divulgado pelo Inpe.

Na carta de demissão, além de agradecer a Lula pela oportunidade e de enumerar ações de sua gestão, Marina apelou à testemunha do próprio presidente para afirmar que encontrou resistências no governo e na sociedade. “Durante essa trajetória, V. Excia é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade”, escreveu. “Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para a agenda ambiental.”

Marina enfrentou embates no governo. O mais notório deu-se com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por dificuldades no licenciamento ambiental para a hidrelétrica do Rio Madeira. Na semana passada, na solenidade de lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS), Marina chegou a externar mágoa com a forma como era tratada no governo.

– Fui considerada a ministra dos bagres – discursou, em referência a uma frase do próprio Lula, no ano passado, que criticava a demora no licenciamento ambiental para as usinas. Na ocasião, Lula disse:

РAgora ṇo pode (dar a licen̤a ambiental) por causa do bagre, jogaram o bagre no colo do presidente.

Sem dar explicações sobre os motivos de sua saída, Marina limitou-se a avisar, apenas minutos antes da formalização de seu ato, alguns amigos acreanos. Entre eles o seu suplente, o senador Sibá Machado (PT-AC), que deixará o Senado depois de exercer mais de cinco anos do mandato da ex-ministra.

– A ministra me avisou, mas não explicou os motivos de sua decisão. Conversamos rapidamente. Ela quis me avisar antes de entregar a carta de demissão – confirmou Sibá.

O senador Tião Viana (PT-AC) recebeu uma ligação da ex-ministra pouco antes dela anunciar sua decisão:

– Fiquei sabendo há pouco tempo. A ministra me disse: “Chegou o meu momento”.

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